Terceiro Ato: Sortilégio

A exposição, que inclui em seu título o nome da primeira peça teatral escrita por Abdias Nascimento, em 1951, marca o início da produção ligada às tradições​ ​afro-diaspóricas.

Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio (2023), de Tiago NunesInstituto Inhotim

A exposição integra a Mostra do Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra (2021-2024), parceria do Ipeafro com o Inhotim. 

Abdias no Congresso Nacional (1982), de Elisa Larkin NascimentoInstituto Inhotim

Abdias Nascimento

Artista, dramaturgo, pan-africanista, político, ativista, poeta, curador, professor, pintor: os papéis desempenhados por Abdias Nascimento (1914-2011) são múltiplos e de grande contribuição para a arte e a cultura brasileira.  










Abdias Nascimento segurando o instrumento de Exu na encenação de Sortilégio Foto: José Medeiros (1957), de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

Dividido em quatro atos, o programa apresenta as produções de acordo com os movimentos da trajetória de Abdias. Terceiro Ato: Sortilégio traz o momento em que, exilado do Brasil em função da Ditadura Militar, o artista se aproxima ainda mais das tradições afro-diaspóricas.  










Bengala de Abdias, princesa da África oriental, pré-1968. Coleção Museu de Arte Negra – IPEAFRO, de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

Douglas de Freitas, Curador do Inhotim
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Desde 2021, o Instituto Inhotim, em parceria com o Ipeafro (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros), apresenta as diversas frentes da atuação artística de Abdias, por meio do programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra.











Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

   Terceiro Ato: Sortilégio       

No título, o nome de uma peça teatral de Abdias censurada até ser encenada pela 1º vez em 1957. Baseada na experiência do racismo no Brasil, destaca elementos do Candomblé e marca o momento que o artista assume simbologias da diáspora africana como centro de suas obras.











Abdias Nascimento, "Exu Black Power n. 2 (Homenagem a Rubens Gerchman)" (1969)Instituto Inhotim

Orixá da comunicação e guardião dos caminhos, a trajetória de Abdias Nascimento se funde com as características de Exu: artista com papel essencial na difusão da arte negra brasileira no exterior, que contribuiu para expandir o entendimento do Candomblé como uma concepção de vida e de filosofia do universo.  










"Exu Rei Abdias Nascimento" (2017), de Barbara VentoInstituto Inhotim

EXU REI - ABDIAS NASCIMENTO.
Direção: Barbara Vento. Produção: Ethel Oliveira.
Brasil, 2017. 

Combinando os símbolos e linguagens do Candomblé com a influência das paisagens e cenas dos Estados Unidos e da Nigéria, por onde transitou entre 1968 e 1981, Abdias intensifica sua produção na pintura, e se torna referência da arte negra brasileira no exterior. Seus trabalhos e a proposta do Museu de Arte Negra ganham força, relevância e reconhecimento.

Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, Ana Clara Martins, Da coleção de: Instituto Inhotim
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Abdias Nascimento, "306 West 81st St", 1969, Ana Clara Martins, 1969, Da coleção de: Instituto Inhotim
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Terceiro Ato: Sortilégio é estruturado em cinco núcleos, que propõem um panorama sobre o contexto, as pesquisas e as relações e o aprofundamento do pensamento pan-africanista de Abdias durante seu exílio. 

Abdias Nascimento, "Tributo a Aguinaldo Camargo" (1988), de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

Deri Andrade, Curador Assistente
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Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

   Símbolos rituais contemporâneos       

"O que é importante para mim nas minhas pinturas é o mundo mental e a diferença cultural do negro que se sente africano, mas que está nas Américas.– Abdias Nascimento

Pesquisando culturas e religiosidades afro-diaspóricas, Abdias Nascimento entende sua arte como um instrumento de comunicação, conhecimento e conector da luta social e política com a ancestralidade. A partir das primeiras visitas ao continente africano, Abdias Nascimento aprofunda sua relação com signos próprios das culturas africanas, incorporando em suas pinturas ideogramas, símbolos, e pontos riscados.











Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, Daniel Mansur, 2023, Da coleção de: Instituto Inhotim
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Abdias Nascimento, Xango takes over (1970), de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

   Nova York, início do exílio       

A viagem de Abdias Nascimento aos Estados Unidos em 1968 tinha como intuito colocá-lo em contato com organizações de arte, cultura e política negras norte-americanas.











Abdias já se dedicava a produzir suas primeiras pinturas no Brasil e, enquanto um retorno à sua terra natal se tornava inviável por conta da instalação de um regime militar, outros artistas seguiam o mesmo fluxo: Amilcar de Castro, Rubens Gerchman, Hélio Oiticica, Regina Vater, Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geiger também transitavam pela cena artística dos EUA e estão presentes no Terceiro Ato: Sortilégio.  











Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio (2023), de Daniel MansurInstituto Inhotim

Abdias Nascimento em frente à sua residência em Búfalo., de Elisa Larkin NascimentoInstituto Inhotim

Professor universitário       

Em seus primeiros anos nos Estados Unidos, Abdias Nascimento presenciou um crescente interesse das comunidades acadêmicas pelos temas afro-americanos.











Foi nesse período que viajou pelo país e comunicou aspectos próprios da realidade brasileira. Depois de ser pesquisador visitante na Universidade de Wesleyan, foi convidado para ser professor de “Culturas negras na América” na Universidade do Estado de Nova York, em Buffalo, onde encontrou Elisa Larkin, sua tradutora, intérprete e companheira, com quem fundou, em 1981, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, o Ipeafro. 

Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, Daniel Mansur, 2023, Da coleção de: Instituto Inhotim
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Abdias Nascimento e Elisa Larkin, Sem Data, de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

Elisa Larkin, Presidente do Ipeafro
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Em 1968, quando passa a produzir suas próprias pinturas, Abdias recorre a signos do culto dos Orixás, símbolos de resistência e da vitalidade espiritual da presença negra no Brasil. Quando publica um manifesto para sua exposição no El Taller Boricua, Abdias agrupa artistas que também se conectam à origem africana, como Rubem Valentim, Mestre Didi, Emanoel Araujo e outros. É dessa forma que Abdias opera para criar elos e identificar o ímpeto coletivo nas ações de artistas de sua geração. 

Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, de Ana Clara MartinsInstituto Inhotim

   Artistas afro-brasileiros       

O Museu de Arte Negra (MAN) surge enquanto projeto na década de 1950, com o desejo de evidenciar artistas em conexão com o legado africano.










Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, Tiago Nunes, 2023, Da coleção de: Instituto Inhotim
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Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, de Tiago NunesInstituto Inhotim

   Orixás: concepção de vida e de filosofia do universo       

"É nos pontos riscados e cantados que nasce minha arte. Aí está a base de tudo. Nas encruzilhadas, nessa coisa que vai e vem, as contradições da vida ganham sentido, e o nosso retrato vai tomando forma." – Abdias Nascimento










Nas montagens do Teatro Experimental do Negro (TEN), na produção intelectual e em seu fazer artístico, Abdias Nascimento reverencia os elementos da religiosidade afro-brasileira como contrapontos fundamentais à hegemonia dos valores eurocêntricos e cristãos. Os Orixás estão presentes nas pinturas de Abdias Nascimento como forças do presente, recebendo nomes de pessoas próximas e homenageando pessoas que estiveram na luta contínua por resistência e liberdade. 










Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, Daniel Mansur, 2023, Da coleção de: Instituto Inhotim
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Vista da exposição Terceiro Ato: Sortilégio, Tiago Nunes, 2023, Da coleção de: Instituto Inhotim
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Visite o Inhotim e conheça o trabalho e legado de Abdias Nascimento nas exposições temporárias que ocupam o Instituto até 2024 no Museu de Arte Negra.  











Terceiro Ato: Sortilégio é uma curadoria conjunta do Inhotim e Ipeafro (2023)

Exposição virtual resultante da mostra, em cartaz na Galeria Mata do Inhotim desde 18 de março de 2023.

Créditos: história

Ficha técnica:
Fotos e vídeos: Ana Martins
Fotos: Ana Clara Martins, Tiago Nunes, Daniel Mansur, Daniella Paoliello, Elisa Larkin Nascimento

Conteúdo: Nina Rocha
Edição: Danielle Pinto, Thiago Pacheco e Ana Clara Martins
Revisão: Regina Stocklen
Tradução: Juan-Carlos Urbina
Coordenação: Ricardo Lopes e Lorena Vicini
Curadoria: Inhotim e Ipeafro 

Créditos: todas as mídias
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